quarta-feira, 18 de setembro de 2024

APOSTAS - controvérsias na BÍBLIA !



O crescimento do negócio de apostas no Brasil vem em um momento em que a população evangélica aumenta e se consolida no país.


Se diversos indicadores apontam que, em alguns anos, o protestantismo será maior do que o catolicismo, o setor conhecido como das bets também se tornou quase onipresente, das estampas em camisas de times de futebol aos ostensivos anúncios em redes sociais.


Mas essas duas facetas do Brasil contemporâneo são compatíveis? Para quem segue a Bíblia como cartilha de vida, há controvérsias.


Se, por um lado, o livro sagrado dos cristãos nada diz sobre jogos de azar ou apostas, por outro há diversos elementos que, sim, condenam como pecado a jogatina.


É importante salientar que a legislação brasileira não define as apostas esportivas como jogos de azar, mas sim como "apostas de cota fixa" — os jogos de azar são aqueles que dependem exclusivamente da sorte, segundo a classificação oficial.


Mesmo assim, as buscas no Google sinalizam que muita gente está tentando entender se a religiosidade é compatível com o jogo.


De acordo a ferramenta Google Trends, o interesse por pesquisas relacionando os termos "Bíblia" e "bets" ou "aposta" têm sido relevante nos últimos cinco anos.


A plataforma classifica a demanda das pesquisas em um índice de 0 a 100 — na última semana do ano passado, esses termos estiveram na escala máxima do período; no final de julho, o índice estava em 67.


A expansão dos evangélicos, cujos membros tradicionais se fiam na Bíblia como livro fundamental, pode ser comprovado pela multiplicação dos templos do segmento no país .


Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) mostra que o número de igrejas protestantes no país saltou de 17 mil em 1990 para quase 110 mil em 2019 — naquele ano, foram abertos 17 templos por dia no território nacional.


O primeiro aspecto a ser considerado sobre a questão na Bíblia é o tempo.


"A gente não tem um texto bíblico sobre a questão dos jogos de azar porque, nos moldes como funcionam hoje, eles não existiam antigamente", argumenta à BBC News Brasil o historiador e teólogo Vinicius Couto, presbítero da Igreja do Nazareno e professor do Seminário Teológico Nazareno do Brasil e do Seminário Batista Livre.


Mas ele cita algumas passagens que são entendidas como uma condenação bíblica à prática.


No livro dos Gálatas — epístola que o apóstolo Paulo escreveu ao moradores da Galácia, hoje parte da Turquia —, há um trecho que fala sobre "as obras da carne", que deveriam ser evitadas a todo custo pelos cristãos.


O texto enumera: "libertinagem, impureza, devassidão, idolatria, magia, ódios, discórdia, ciúme, cólera, rivalidades, dissensões, facções, inveja, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes".


"Os autores dessas coisas, eu vos previno, como já disse, não herdarão o Reino de Deus", afirma a carta.


"São as obras pecaminosas", explica Couto. "E ele termina dizendo [que o mesmo se aplica a] 'coisas semelhantes'."


"Outra passagem interessante é quando Paulo menciona que 'todas as coisas me são permitidas mas nem tudo me convém'", acrescenta o teólogo, citando um trecho da primeira epístola paulina aos Coríntios.


"Ou seja: você é livre para fazer o que quiser, mas o comportamento cristão não deveria se basear nessas questões", complementa.


Há outras passagens emblemáticas que frequentemente são utilizadas para condenar as apostas. Na primeira carta a Timóteo, Paulo adverte contra a ganância e o amor ao dinheiro, lembrando que este "é a raiz de toda espécie de males".


No Antigo Testamento, o livro dos Provérbios adverte quanto à ganância e o desejo por riquezas rápidas. "O homem fiel será cumulado de bênçãos, mas quem se apressa a enriquecer não ficará sem castigo", aponta.


O mesmo livro também parece criticar quem se fia ao acaso, como é o caso de apostadores. "A sorte é lançada no colo, mas toda decisão vem do Senhor", diz o trecho.


Nessa toada, há diversas outras passagens. O que fez com que especialistas concordem: mesmo que a Bíblia não condene especificamente os jogos de azar, seus princípios desencorajam práticas relacionadas à ganância, má administração de recursos, falta de confiança em Deus e potencial de prejudicar os outros e a si mesmo.


Professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), o sociólogo Edin Sued Abumanssur nota que embora a Bíblia "não diga nada sobre jogos de azar", a "ideia de sorte" aparece com frequência, "sempre no sentido de jogos adivinhatórios".


"Eles lançam a sorte para decidir sobre alguma coisa, como se fosse a vontade de Deus que resolvesse", comenta ele, à BBC News Brasil.


"No Antigo Testamento era bastante comum e no Novo há algumas passagens, como quando eles escolhem Matias como substituto para Judas, o que traiu Jesus, como um dos 12 apóstolos."


De acordo com Abumanssur, a ideia de sorte sempre aparece como "uma coisa aleatória".


"Tanto no Antigo como no Novo Testamento há aspectos de como lidar com a sorte", (o teólogo e historiador ) Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.


No livro de Josué, do Antigo Testamento, por exemplo, há uma passagem em que os israelitas, depois de derrotados em uma batalha, lançam a sorte para entender o que estava acontecendo.


"No Novo Testamento, na [narrativa da] crucificação de Cristo, diz-se que os soldados romanos estavam 'deitando sortes' enquanto Jesus estava sendo crucificado. Ou seja, estavam jogando alguma coisa", acrescenta.


"Então a Bíblia traz essas histórias todas revelando que essa prática de optar por meio da sorte era recorrente", comenta o professor.


"Desde sempre os homens tentam lidar com o imprevisível, o imponderável, e as culturas desenvolveram mecanismos de consultas às estrelas, aos astros e através de jogos das mais variadas formas. A Bíblia não esconde isso, que esteve sempre presente na tradição humana."


Segundo ele, contudo, a questão é um pouco mais complexa quando se pensa na figura do "crente em si".


"A Bíblia registra essa coisas mas há uma condenação ao apego a elas, porque seria uma falta de fé no Deus que comanda a vida. A ansiedade pelo futuro, o apelo à sorte, essa necessidade de encontrar respostas para um destino oculto é algo condenado pela Bíblia porque, de alguma forma seria afronta a Deus."

FONTE - internet

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