quarta-feira, 6 de abril de 2022

“Mulheres pobres morrem. Madames vão a Paris”

 

“Mulheres pobres morrem. Madames vão a Paris”


 

 
 
Esse foi só um trecho da participação de Lula em um evento ontem, em que ele falou também sobre desigualdade, criticou Jair Bolsonaro e se manifestou sobre a guerra. Mas aborto é um tema que mobiliza paixões e ativa tabus e preconceitos, e o ex-presidente geralmente entra nele fazendo ponderações. Que Lula esteja enfrentando esses tabus de forma direta em um ano eleitoral com forte pauta conservadora chama a atenção.
 
E não foi um posicionamento tímido ou superficial. “A madame pode ir fazer um aborto em Paris, escolher ir para Berlim”, disse o ex-presidente, apontando a desigualdade mascarada no debate. Não é segredo pra ninguém que uma mulher rica que queira fazer o procedimento consegue, enquanto as mais pobres recorrem a métodos muito mais arriscados.
 
Mas é verdade também que todas elas são julgadas e muitas vezes convivem com a culpa por ter recorrido ao aborto ou acabam prosseguindo com uma gestação não desejada por não conseguirem lidar com o estigma. E Lula também tocou nesse ponto: “Na verdade, [o aborto] deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito, e não vergonha”.
 
Encerrando o assunto, ele deixou claro que não vai se pautar pelo debate imposto por Bolsonaro e pelos setores mais conservadores: “Eu acho que nós que temos que assumir essa discussão tentando fazer a sociedade evoluir, e não compartilhando do retrocesso que a gente tem nessa discussão”.
 
Ao que tudo indica, Lula vem pro jogo propondo novas regras. Estaremos acompanhando as movimentações desse tabuleiro por aqui. Aqui você pode ver o posicionamento do ex-presidente sobre outros temas também.
 
Pra direita ou pra esquerda?
 
Isso tudo acontece enquanto a chapa presidencial formada por Lula e Alckmin se consolida, o que torna tudo ainda mais surpreendente e indica que, ao contrário do que temiam setores da esquerda, o ex-presidente não está indo para a direita para encontrar com o ex-adversário, já que não moderou o discurso nem em um tema tão caro para os mais conservadores e difícil de ser abordado.
 
Mas vale lembrar também que a população tem plena consciência das desigualdades que envolvem o tema do aborto. Uma pesquisa do Instituto Patrícia Galvão e do Instituto Locomotiva mostrou que 77% da população considera que as principais vítimas da criminalização do aborto são as mulheres pobres. E 74% dos brasileiros acreditam que os casos de aborto previstos em lei devem ser mantidos ou ampliados. Você pode ver mais dados clicando aqui.
 
Aliás, metade das gestações registradas anualmente no mundo são indesejadas, de acordo com a agência da ONU Fundo de Populações das Nações Unidas. Seriam 121 milhões de casos todos os anos, uma média de 331 mil por dia, e 60% deles terminam em abortos. Leia mais aqui.
 
E tem base pra isso?
 
Essa é uma questão importante. Se eleito, Lula não vai governar sozinho e vai depender do Congresso para aprovar pautas progressistas. Em entrevista ao Brasil de Fato, Guilherme Boulos, que é pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, enfatizou a necessidade de se olhar também para as eleições proporcionais: “não basta eleger o Lula e manter o Congresso com a mesma composição. Então vai ser preciso um esforço para ter uma bancada de esquerda, uma bancada popular grande”.
 
A íntegra da entrevista pode ser acessada em vídeo aqui ou em texto ou áudio aqui. O conteúdo também está disponível nas principais plataformas de podcast. É só buscar por “BdF Entrevista”.
fonte 
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