É um costume semanal que nas Igrejas onde há presença ou devoção franciscana, todas as terças-feiras ocorra a bênção dos pães. Até hoje, na devoção popular, os “pãezinhos de Santo Antônio” são colocado pelos fiéis nos sacos (vasilhas, latas) de farinha e de outros alimentos, com a fé de que nunca lhes faltará o que comer. Mais do que a origem do “Pão de Santo Antônio”, importa perceber toda a riqueza do seu simbolismo. Sem dúvida ele revela toda a riqueza da dimensão apostólica da vida do pai dos pobres.
O pão simboliza a vida. Simboliza a
fraternidade. Quando se diz que falta o pão, dizemos que falta a comida, falta
o alimento, falta o necessário para a vida. Por isso, Jesus ensina a pedir o
pão de cada dia, em outras palavras, que Deus nos conceda a vida, para que
possamos realizar a sua vontade, para que o seu Reino venha, e, assim, seu nome
seja santificado. Pão sacia a fome física, mas sustenta o espírito. Cristo é o
PÃO vivo descido do céu que veio para sustentar nossa vida, saciar nossa fome,
nos alimentar com a Eucaristia, que é pão e vinho transformados em Corpo e
Sangue, e nos alimentar com o Pão da Palavra.
Por isso, Jesus ensina a pedir o pão
de cada dia, em outras palavras, que Deus nos conceda a vida, para que possamos
realizar a sua vontade, para que o seu Reino venha, e, assim, seu nome seja
santificado, ele que é nosso Pai.
O pão constitui um elemento
inseparável de toda a devoção a Santo Antônio, independente de sua origem. A
história do “Pão de Santo Antônio” remonta a um fato curioso que é assim
narrado: “Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos
pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros,
quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os
pães tinham sido roubados”.
Atônito, foi contar ao santo o
ocorrido. Este mandou que verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O
Irmão padeiro voltou estupefato e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto
que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento.
Fato é que, através de Santo Antônio,
Jesus continua a realizar o grande milagre da multiplicação dos pães. Jesus tem
compaixão da multidão faminta e multiplica o pão para saciar-lhe a fome.
Mas se olharmos para as narrações da
multiplicação dos pães, vemos que Jesus nunca age sozinho. Pede a colaboração
dos apóstolos: “Dai-lhes vós mesmos de comer; quantos pães tendes, ide ver”.
Voltando de sua procura, trouxeram-lhe cinco pães e dois peixes. Deu ordens
para que fizessem sentar-se à multidão, em grupos, na relva verde. Jesus dá
graças sobre os pães e os peixes e dá aos discípulos para distribuí-los. E no
fim foram ainda os apóstolos que recolheram doze cestos cheios de pedaços de
pão e restos de peixe (cf. Mc 6,35-44).
O grande milagre de Jesus está em
multiplicar sua presença e sua ação nos seus discípulos. Através deles é que
Jesus quer saciar a fome da multidão faminta, tanto da fome corporal como
espiritual. Através dos seus discípulos Jesus deseja ser alimento, deseja ser o
pão para a vida do mundo.
Como diz Santo Irineu: A glória de
Deus é a vida do ser humano. Por isso, diz São Tiago em sua carta: “A religião
pura e imaculada diante de Deus Pai é visitar os órfãos e as viúvas em suas
tribulações e conservar-se sem mancha neste mundo” (1,27).
Talvez o maior milagre que Santo
Antônio continua realizando é justamente que sua mensagem, sua caridade,
continuam presentes em tantas obras de caridade, em tantas “Pias Uniões de
Santo Antônio”, em tantas mulheres e homens também, capazes de dedicarem toda a
sua capacidade de amor e de serviço ao próximo necessitado junto a igrejas
dedicadas a Santo Antônio através do pão de Santo Antônio.
Contando a parábola do bom
samaritano, Nosso Senhor nos ensina claramente que cada um deve aproximar-se do
necessitado, ser próximo daquele que necessita de compaixão. Fazer o que
estiver em nossas mãos para auxiliá-lo em sua necessidade. Esta é também a
motivação da Campanha da Fraternidade deste ano, o cuidado com a vida com DOM e
COMPROMISSO.
Poderão dizer: Devemos promover a
pessoa, dar-lhe o anzol para que possa pescar. Contudo se não tiver força nem
para segurar o anzol será preciso dar-lhe também e, em primeiro lugar, o peixe.
Claro que num segundo momento, ou simultaneamente, vem a promoção, que
consistirá em criar todo um conjunto de condições para que a pessoa tenha
condições de se autopromover. Através de suas imagens se percebe que Santo
Antônio não retém o Menino Deus para si.
Apresenta-o, oferece-o a todos. Esta
oferta transforma-se concretamente em pão, em alimento, e promoção das pessoas,
principalmente das mais necessitadas.
Santo Antônio foi, sem dúvida, o
grande pregador do Evangelho, o anunciador da verdadeira doutrina sobre Jesus
Cristo. Encontrou Jesus Cristo e o seu mistério no estudo e na meditação dos
Santos Evangelhos. Mas não o reteve para si.
Ele continua revelando esta faceta da
vida evangélica e apostólica à Igreja dos nossos dias, convocada para a nova
evangelização. Importa, porém, que os pregadores do Evangelho hoje também o
vivam, também tenham encontrado nele o Cristo Jesus.
Só assim, o testemunho, o anúncio de
Jesus Cristo será proclamado com novo ardor, será autêntico, e, por isso,
eficaz. Como Antônio, o grande pregador, o missionário incansável, o homem de
oração, todos os cristãos que aderem a Cristo, que são batizados e recebem o
Espírito Santo como Dom do Pai e do Filho, no Sacramento da Crisma, também são
chamados a viver sua vocação profética.
Não só os apóstolos, não só os Bispos
e os sacerdotes e os religiosos e religiosas devem pregar ou anunciar o
Evangelho. Também o fiel leigo participa desta missão da Igreja. Desta forma
ele se transforma em pão multiplicado para saciar a multidão faminta.
Através de Santo Antônio. Nosso Senhor
está convidando continuamente os cristãos a pensarem no bem do próximo, a
amarem o próximo como a si mesmos e a darem uma atenção especial ao
necessitado, ao pobre. Claro que não se trata apenas do pão de Santo Antônio,
da esmola oferecida ao frade ou ao Convento, com as palavras: “para os seus
pobres”.
Sim, o milagre do Pão de Santo
Antônio continua até hoje em seus devotos. Ele nos ensina e nos ajuda a sermos
mais cristãos. Nele manifesta-se a espiritualidade pascal, dos atos de amor,
das ações de serviço ao próximo, da promoção do ser humano, para que tenha vida
e a tenha em abundância.
A devoção a Santo Antônio constitui
elemento integrante da tradição religiosa do povo brasileiro. Esteve presente
desde o Inicio de sua evangelização e continua vivo em nossos dias. Por isso,
na nova evangelização e no aprofundamento da fé cristã do povo brasileiro, a
devoção aos santos em geral e, especialmente, a Santo Antônio, terá que ser
respeitada e cultivada na Pastoral da Igreja no Brasil.
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