A Operação Lucas 12:2, desencadeada na sexta-feira (11) pela Polícia Federal (PF), expôs ações de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que teriam comercializado joias e outros itens de valor adquiridos durante viagens oficiais da Presidência da República. Investigadores estão buscando esclarecer se os presentes oficiais foram deliberadamente ocultados do acervo público e negociados para beneficiar financeiramente o ex-presidente.
Na mira da operação desta sexta-feira estão figuras como o general Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, o advogado Frederick Wassef, que atuou como representante legal do ex-chefe do Executivo, e o tenente Osmar Crivelatti, que, tal como Mauro Cid, exerceu a função de auxiliar de Bolsonaro.
A ação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, se baseia em um vasto conjunto de evidências e denúncias, compreendendo 105 páginas, que indicam fortes indícios de desvio de bens de elevado valor patrimonial por parte dos colaboradores do ex-presidente. O jornal O Estado de S. Paulo resumiu em cinco pontos essenciais o esquema sob investigação pela PF. Acompanhe:
Modus operandi das transações - As transações objeto de investigação consistem na comercialização de presentes que Jair Bolsonaro recebeu durante o exercício de seu cargo como presidente. Estas peças deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio público, porém teriam sido deliberadamente omitidas dos registros oficiais, sendo incorporadas ao acervo pessoal do ex-chefe do Executivo e posteriormente negociadas, visando ao enriquecimento ilícito.
Comunicações obtidas pela Polícia Federal sugerem que Mauro Cid contou com auxílio de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, para efetuar a negociação das peças e transferir os fundos das vendas. A figura do general se evidencia em uma fotografia usada como barganha para um item que o ex-presidente havia recebido durante uma viagem oficial.
O envolvimento do pai de um ex-auxiliar de ordens coloca em foco os altos escalões das Forças Armadas. Lourena Cid foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) durante a década de 70. Em nota à Coluna do Estadão, o Exército reforçou sua não-conivência com qualquer conduta imprópria de seus membros.
Natureza dos itens comercializados - Até o momento, a PF identificou transações relacionadas a dois conjuntos de joias da marca suíça Chopard, duas esculturas douradas e um relógio da marca Patek Philippe. Não se descarta, contudo, a possibilidade de mais itens terem sido apropriados indevidamente. Isso se deve ao fato de ter sido interceptada uma mensagem entre assessores do ex-presidente que sugeria que a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, teria "desaparecido" com um pacote de itens preciosos.
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